Nascido em um lar evangélico, Bob Luiz Botelho, de 27 anos, seguiu desde pequeno os passos de sua avó e seus pais, marcados pelo conservadorismo no Sul do país. Crescido em Curitiba, Paraná, Bob se descrevia um menino sonhador quando criança, e sempre teve muita desenvoltura para lidar com as pessoas. Ele também viu seu avô fundar a primeira Igreja Presbiteriana Independente, de Florestópolis, no interior.
Bob era estudante de um Colégio Militar, e conta que passou a adolescência inteira se dividindo entre as atividades que exercia na igreja pentecostal, na periferia de Curitiba, e as incertezas que o faziam questionar quem ele realmente era e como se identificava. Obstinado a seguir carreira religiosa, o jovem curitibano, aos 9 anos de idade, conta que sabia que tinha um chamado a seguir.
Ele conta que passou a dedicar seu evangelho ao resgate de pessoas, inclusive LGBTQIA+, afastadas da igreja. E foi deixando a própria sexualidade de lado, mesmo percebendo, logo aos 12 anos, que se sentia atraído por homens:
“Eu renunciei à minha sexualidade. Eu achava que não poderia ser um homem gay e cristão”, conta.
O pastor conta que o cenário de sua vida mudou em 2016, quando ele teve contato com diferentes lideranças evangélicas progressistas que defendem o direito à cidadania e à religião. Todos os movimentos são hoje parceiros do “Evangelixs”, movimento criado por Bob em 2017, com a ajuda de amigos, para acolher jovens LGBTGIA+ e apoiadores cis gênero.
Atualmente casado, Bob revela que possui um bom relacionamento com a família que o aceitou depois de se assumir homossexual.
“Com o tempo, eu percebi que poderia ser um homem gay e cristão. Eu posso, por direito, reivindicar o cristianismo mesmo vivendo a minha sexualidade. Eu tenho direito a ter religião. Ao longo da minha vida missionária, já ajudei muitos jovens LGBTs, filhos de pastores ou não, que queriam se matar por não serem aceitos. Hoje eu vivo para ajudar essas pessoas, pedindo respeito”, completa.
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