O porta-voz da Casa Rosada, Manuel Ardoni, informou nesta segunda-feira (1) que o presidente da Argentina, Javier Milei, do partido La Libertad Avanza, não participará da Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, agendada para 8 de julho no Paraguai.
Ardoni esclareceu que a ausência de Milei na cúpula não se deve aos recentes conflitos com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas sim à “agenda lotada” do presidente argentino. A ministra das Relações Exteriores da Argentina, Diana Mondino, representará o país no evento.
O comunicado ocorre após Milei ter insultado Lula, chamando-o de “corrupto” em uma entrevista ao La Nación na quarta-feira (28 de junho). Lula também criticou severamente Milei em diversas ocasiões.
Durante a coletiva de imprensa desta segunda-feira (1º de julho), Ardoni confirmou que Milei estará no Brasil para participar da CPAC (Conferência de Ação Política Conservadora), que ocorrerá em Balneário Camboriú (SC) nos dias 6 e 7 de julho.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também discursará na convenção e, conforme informado por seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), encontrará Milei durante o evento.
Apesar da visita ao Brasil, a Casa Rosada não confirmou um encontro entre Milei e o presidente Lula.
Ardoni ressaltou que Milei nunca se ausentaria devido a “distâncias ideológicas”, embora tenha mencionado que as divergências com Lula são “astronômicas”.
TROCA DE OFENSAS
A troca de acusações entre Lula e Milei marcou tanto o período eleitoral na Argentina quanto os dias subsequentes à eleição. Entre 7 de setembro e 21 de novembro (dois dias após a eleição), ambos fizeram declarações negativas um sobre o outro em várias ocasiões: Milei em sete e Lula em cinco. Entrevistas, eventos oficiais e debates presidenciais foram cenário dessas acusações.
Em setembro de 2023, Milei disse à revista The Economist que Lula é “não apenas um socialista”, mas “alguém com uma vocação totalitária”. Em uma entrevista ao jornalista peruano Jaime Bayly, declarou que não faria negócios “com nenhum comunista” e chamou Lula de “grande corrupto”.
Lula, por sua vez, em 15 de março, comparou Milei a Bolsonaro, afirmando que ambos agem “contra o sistema” político. Em novembro de 2023, disse que não era obrigado a gostar do presidente de nenhum país, citando a Argentina como exemplo.
Lula não compareceu à posse de Milei em dezembro de 2023, enviando o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para representá-lo na cerimônia. Já Bolsonaro foi convidado diretamente por Milei e teve um lugar de destaque no evento.
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