Neste momento em que a liberdade de expressão está ameaçada no Brasil, internautas resgataram um fato recente da história sul-americana: o fechamento do canal de televisão venezuelano RCTV, em 2007, pelo ditador Hugo Chávez (1954-2013).
Uma das mais antigas emissoras do continente, a Radio Caracas Televisión foi fundada em 1953 e ficou conhecida no mundo todo pela popularidade de suas novelas. A partir de 1999, quando Chávez chegou ao poder, o canal de maior audiência da Venezuela adotou um posicionamento crítico com relação ao regime, que se intensificou nos anos seguintes até ganhar ares de oposição assumida.
O “começo do fim” da RCTV, no entanto, aconteceu em 2002, quando a empresa foi acusada, com outras duas tevês comerciais, de participar de uma tentativa fracassada de tirar o ditador do comando do país, a insurreição militar durou menos de três dias e acabou fortalecendo o chavismo.
Enquanto as demais emissoras foram suavizando seus noticiários em direção à neutralidade, a Radio Caracas Televisión se manteve firme no questionamento às arbitrariedades cometidas pelo governo. A reação oficial veio no final de 2006, quando o próprio Hugo Chávez, em um de seus discursos públicos intermináveis, anunciou que o Estado não renovaria a licença de transmissão da emissora, classificada por ele como “golpista”. “A concessão vai acabar porque a Venezuela deve ser respeitada”, disse na ocasião.
A decisão foi duramente condenada pela comunidade internacional, e diversas organizações voltadas para a defesa dos direitos humanos emitiram comunicados expressando repúdio e preocupação. O Senado brasileiro também publicou uma nota lamentando a situação – respondida em tom de deboche pelo ditador, que chamou nossos parlamentares de “papagaios de Washington”.
Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em seu segundo mandato, considerou o ato “democrático” e, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, declarou: “Eu acho que não dá para ideologizar essa questão da televisão. O mesmo Estado que dá uma concessão é o Estado que pode não dar a concessão”.
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