O afastamento do pastor Sales Batista de Souza da presidência da Assembleia de Deus Missão em Marabá e da vice-presidência da Convenção Estadual das Assembleias de Deus no Pará abriu caminho para a revelação de um enredo muito mais complexo do que um escândalo moral isolado.
Apurações feitas pelo portal de notícias local Carajás Notícias apontam para uma suposta trama que envolve manipulação familiar, disputa por herança, controle institucional e o possível uso deliberado de um escândalo íntimo como instrumento de coerção.
Fontes ouvidas descrevem o caso como uma crise construída ao longo de anos, cujo epicentro estaria dentro da própria família pastoral, com reflexos diretos na estrutura administrativa e financeira da igreja.
Relações cruzadas e o início da ruptura
Segundo relatos, Luciana Salles teria sido apresentada a Kennedy Salles, filho do pastor, pelo próprio Sales Batista. Naquele período, Kennedy ainda era casado com uma empresária do ramo de vestuário.
Fontes afirmam que Luciana atuava como garota de programa quando iniciou o relacionamento com Kennedy, ainda durante o casamento anterior.
Após a separação, Luciana passou a integrar o núcleo familiar e religioso, ocupando posição de destaque ao lado do filho do pastor.

Foi nesse contexto que, segundo pessoas próximas à denominação, começou a se consolidar um plano para fragilizar Sales Batista e deslocar o controle do patrimônio familiar e das decisões estratégicas da igreja.
Chantagem moral e dependência financeira
As informações colhidas indicam que Kennedy sempre teve conhecimento do relacionamento mantido entre o pai e sua esposa e teria agido de forma conivente, com o objetivo de manter a aproximação entre os dois como forma de criar um mecanismo de chantagem moral.
Dependente financeiramente do pai e sem atividade profissional fixa, Kennedy teria solicitado grandes quantias de dinheiro durante anos. Quando Sales Batista interrompeu os repasses, o plano teria sido acelerado. O relacionamento proibido passou a ser utilizado como ferramenta de pressão, deixando o líder religioso vulnerável e afastado das decisões centrais.
Câmeras desligadas e investigação particular
As suspeitas se intensificaram quando Raquel Viegas, esposa de Sales Batista, percebeu que as câmeras de segurança da residência eram sistematicamente desligadas sempre que ela se ausentava para cuidar da filha Kelly Raquel, que enfrenta graves sequelas após sofrer um AVC, em outro estado.
Diante da recorrência, Raquel contratou um detetive particular, que instalou câmeras ocultas e passou a monitorar o imóvel em tempo integral. As gravações, segundo fontes, teriam revelado a participação direta de Kennedy, que levava a própria esposa à residência da família durante as ausências da mãe.
Patrimônio, herança e suspeitas extremas
Relatos internos apontam que Raquel Viegas detém o controle de cerca de 90% do patrimônio familiar, incluindo bens ligados à igreja. A retirada dela do centro das decisões abriria caminho para que Kennedy assumisse o controle total.
Fontes ainda mencionam a existência de relatos sobre um suposto plano de assassinato dentro do núcleo familiar — informação tratada com extrema gravidade e cautela. Há também indícios de que o filho se considerava herdeiro único, ignorando a existência da irmã Kelly em razão de sua condição de saúde.
Dúvidas sobre paternidade e crise moral
Diante das circunstâncias, Raquel solicitou exames de DNA das três crianças de Luciana, por suspeitar que uma ou mais possam ser filhas de Sales Batista. O assunto vem sendo tratado de forma reservada, devido às profundas implicações familiares, religiosas e institucionais.
Tentativa de abafamento e dívida milionária
Ao tomar conhecimento dos fatos, Raquel levou o caso à liderança da igreja, que solicitou tempo para apuração interna. A medida teria sido uma tentativa de evitar a exposição pública da cúpula da denominação em meio à eleição da Comieadepa, realizada no início do mês.

Paralelamente, surgiram informações sobre uma dívida estimada em R$ 500 mil nos cofres da Assembleia de Deus Missão em Marabá, sem explicações claras sobre o destino dos recursos, aprofundando ainda mais a crise e a revolta entre fiéis e obreiros.
Drogas, fuga e ruptura institucional
Relatos apontam que Kennedy seria usuário de drogas, o que explicaria os constantes pedidos de dinheiro ao pai. Há também informações de que ele estaria se preparando para deixar o Brasil e se mudar para Portugal. Até a manhã deste sábado (28), contudo, ele ainda se encontrava no país.
O impacto do escândalo é profundo. Pastores, obreiros e fiéis relatam quebra de confiança, colapso moral e perda total de credibilidade institucional, avaliando inclusive o abandono do ministério.
O posicionamento oficial
Em nota divulgada na sexta-feira (26), a Assembleia de Deus Missão em Marabá confirmou a saída de Sales Batista da presidência e informou que a igreja vive um processo de transição para escolha de um novo dirigente, conforme o estatuto, com acompanhamento da Comieadepa. A liderança convocou os membros para um período de oração e jejum.
No sábado (27), a Comieadepa confirmou a renúncia de Sales Batista ao cargo de primeiro vice-presidente. O presidente da Convenção, pastor Océlio Nauar de Araújo, afirmou que a diretoria será recomposta conforme as normas estatutárias, reforçando o compromisso com a ordem institucional.
Contraditório e pedido público de perdão
Procurado, Sales Batista afirmou estar doente e não quis se pronunciar. Uma mulher identificada como Kedma assumiu a ligação e disse que a família não comentará o caso no momento.
Horas depois, um perfil atribuído ao pastor publicou uma nota de esclarecimento nas redes sociais, na qual ele pediu perdão aos fiéis, reconhecendo falhas humanas e afirmando jamais ter tido a intenção de causar dor ou escândalo à igreja.







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