Em meio aos desafios tributários e à necessidade de manter a competitividade, a fabricante de meias Lupo, sediada em Araraquara (SP), expandiu suas operações para o Paraguai. Em junho, a companhia inaugurou sua fábrica em Ciudad del Este, onde os custos são pelo menos 28% menores do que no Brasil.
“Não é que a Lupo foi para o Paraguai, o Brasil empurrou a gente para o Paraguai”, disse a CEO, Liliana Aufiero ao jornal Folha de S.Paulo, em entrevista publicada neste domingo (16).

A decisão da companhia veio depois da sanção da Lei n° 14.789/2023, que alterou regras para a tributação de incentivos fiscais do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços.
Em dezembro de 1993, a Lupo estava perto da falência. O caixa estava zerado. O Bradesco, maior credor, chegou a indicar comprador para a empresa: a rival Trifil. “Eu não me conformava”, lembra a presidente da companhia, Liliana Aufiero, neta do imigrante italiano Henrique Lupo, que criou a companhia em 1921. Ela convenceu a família a esperar mais um ano antes de decidir pela venda.
Um político local, ex-colega de faculdade de Liliana, sugeriu à amiga: deixe de pagar impostos. “Eu fiquei chocada”, diz. “Até então, tudo era pago rigorosamente em dia”. Mas se convenceu que não havia alternativa. As obrigações com o governo pararam de ser pagas.
Passadas pouco mais de três décadas, os impostos voltaram a estar no centro das estratégias da fabricante. Com a nova lei 14.789/2023, que altera as regras de tributação de incentivos fiscais para investimentos concedidos por estados no ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), a Lupo viu o lucro cair. A saída foi expandir a produção para fora do país.
Com capacidade para produzir até 20 milhões de pares de meias por ano, a planta recebeu investimentos de R$ 30 milhões e emprega cerca de 110 pessoas.








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