Belém (PA) — Depois de anos convivendo com dívidas, incertezas e trocas de comando, o Clube do Remo vive um momento raro de estabilidade — e de prosperidade. Impulsionado pelo retorno à Série B e por uma administração cada vez mais técnica, o Leão Azul deve registrar, em 2025, o maior superávit financeiro de sua história recente.
O avanço não é fruto do acaso. A combinação entre desempenho dentro de campo e profissionalização da gestão fora dele vem transformando o clube, que, segundo projeções internas, encerra o exercício com todas as obrigações em dia e um crescimento expressivo nas receitas fixas.
Em entrevista ao MKTEsportivo, o CEO do Remo, André Alves, explicou que o novo ciclo começou com a reestruturação administrativa e o fortalecimento do programa Sócio-Torcedor, hoje um dos principais pilares do clube.
“O retorno à Série B muda completamente o patamar de operação. Temos um calendário nacional completo, maior visibilidade, incremento na verba de televisão e um torcedor mais engajado, presente de janeiro a novembro. Isso nos permite planejar melhor o matchday, ações no estádio, camarotes e experiências”, detalhou André.
PLANEJAMENTO, CONTROLE E INOVAÇÃO
Nos bastidores, a nova gestão vem apostando em planejamento orçamentário rigoroso, controle de custos e diversificação das receitas. O clube firmou contratos de patrocínio plurianuais, estruturou o matchday (dia de jogo) com receitas próprias e tem investido em novos produtos licenciados e planos de adesão.
“O ciclo positivo nasce do desempenho esportivo, mas se consolida com gestão. Trabalhamos com orçamento realista e segurança contratual. Assim conseguimos equilíbrio financeiro mesmo sem depender do acesso à Série A”, explicou o dirigente.

Atualmente, o Remo registra índices recordes de adimplência no Sócio-Torcedor e um crescimento de mais de 30% nas receitas comerciais em relação a 2023, segundo estimativas internas. Além disso, o clube vem atraindo novas marcas para o mercado do Norte, algo que há poucos anos parecia inviável.
O TORCEDOR COMO CENTRO DO PROJETO
O fortalecimento da relação com o torcedor também é um ponto central no projeto. O Remo aposta em planos segmentados, experiências exclusivas nos dias de jogo e ativação regional de marcas parceiras.
Para André Alves, o torcedor é “o verdadeiro investidor do clube”.
“Estamos avançando em licenciamento de produtos, novas estratégias comerciais e aprimorando os benefícios ao sócio. O torcedor voltou a confiar. Agora o desafio é ampliar esse vínculo e transformar paixão em sustentabilidade”, afirma.
O DESAFIO DO NORTE NO FUTEBOL NACIONAL
O dirigente reconhece que a logística e a distância geográfica seguem sendo desafios para os clubes da região Norte, que enfrentam custos operacionais muito maiores que equipes do Sul e Sudeste. Ainda assim, o modelo do Remo começa a ser observado como referência para outras agremiações da Amazônia.
“Nosso objetivo é deixar um legado de equilíbrio entre paixão e gestão. O futebol não é uma ciência exata, mas quando há transparência e responsabilidade, o resultado vem. Esperamos que o Remo sirva de exemplo de que clubes do Norte também podem ser sustentáveis, competitivos e inspiradores”, finalizou André.
Com uma campanha sólida na Série B e contas em ordem, o Leão Azul vive o que muitos consideram o início de uma nova era — um clube que volta a rugir forte dentro e fora de campo.







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