Belém (PA) — A reinauguração do Mercado de São Brás, um dos espaços mais tradicionais e simbólicos de Belém, reacendeu uma disputa política entre o ex-prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL) e o atual gestor da capital, Igor Normando (MDB).
Em tom de indignação, Edmilson usou suas redes sociais para acusar o prefeito e o governador Helder Barbalho (MDB) de tentarem “apagar” sua participação na obra, que custou R$ 150 milhões e foi iniciada durante sua gestão.
“Mais uma tentativa de apagamento da nossa gestão na nova reinauguração do Mercado de São Brás, ontem, pelo governador e pelo seu primo, o atual prefeito”, escreveu o ex-prefeito.

“Tenho recebido muitas mensagens e sido abordado na rua por gente consciente sobre quem de fato realizou o restauro dessa joia arquitetônica e a sua requalificação para torná-lo um polo de gastronomia, cultura e turismo referência para a cidade de Belém.”
Segundo Edmilson, a reforma do mercado foi integralmente financiada com recursos municipais e federais, sem participação do governo estadual, e teria sido planejada para valorizar o patrimônio histórico e impulsionar o turismo local.
Licitação cancelada e custo triplicado
Antes da decisão de bancar a obra com dinheiro público, o projeto de requalificação do Mercado de São Brás já havia sido licitado durante a gestão do ex-prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB).
A vencedora foi a Roma Incorporadora (Grupo Roma / Roma Administradora de Imóveis Ltda.), que havia obtido concessão para reformar e administrar o espaço, com um investimento privado estimado em R$ 46 milhões — cerca de três vezes menos do que foi gasto posteriormente pela Prefeitura de Belém.
A proposta original previa que a revitalização fosse totalmente custeada pela iniciativa privada, sem uso de recursos municipais. No entanto, ao assumir o comando da cidade, Edmilson Rodrigues optou por cancelar a licitação e executar a obra com verbas públicas, alegando que o modelo anterior poderia restringir o caráter popular e público do mercado.
Obra iniciada por Edmilson e finalizada por Igor
A requalificação do Mercado de São Brás teve início ainda sob a gestão de Edmilson, com obras de restauro e modernização do complexo histórico. A atual administração, por sua vez, recebeu o projeto em fase de conclusão e promoveu ajustes finais — incluindo acabamentos e readequações urbanísticas no entorno — antes de reinaugurar o espaço.
O evento de entrega, realizado nesta semana, contou com a presença do governador Helder Barbalho, o que gerou irritação em Edmilson, que classificou o ato como uma “encenação política” para reivindicar os méritos da sua gestão.
Símbolo histórico e disputa de narrativas
Com o custo total de R$ 150 milhões, o novo Mercado de São Brás se consolida como uma das obras mais caras e emblemáticas da história recente de Belém.
Mas, em vez de ser lembrado apenas como um marco de revitalização urbana, o projeto virou símbolo de uma guerra política entre ex e atual prefeitos — um disputando a autoria e o outro o mérito pela entrega final.
Enquanto Edmilson reivindica o planejamento e execução da obra, Igor Normando destaca que sua gestão foi responsável por concluir e abrir o espaço à população.
A divergência promete render novos capítulos à medida que a cidade se aproxima da COP30, evento internacional que tem colocado Belém sob os holofotes e intensificado a disputa por visibilidade política.
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