Belém (PA) — Uma grave denúncia anônima enviada redação do QB NEWS expõe o colapso na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Terra Firme, em Belém. A unidade, que deveria atender casos de urgência e emergência da população, enfrenta uma crise sem precedentes, com atraso no pagamento de médicos, escassez de medicamentos e até falta de materiais básicos para funcionamento.
De acordo com o relato, a equipe médica acumula três meses de salários atrasados, situação que tem levado à desmotivação e à adoção de medidas emergenciais. Por orientação ética e respaldo do Conselho Regional de Medicina (CRM), os profissionais entraram em restrição de atendimentos, limitando-se apenas a casos classificados como vermelhos e laranjas no protocolo de Manchester — ou seja, pacientes em risco iminente de morte ou com urgência grave.
Débitos milionários e gestão em crise
A atual administradora da unidade, a Organização Social de Saúde (OSS) IADVH, enfrenta um passivo de aproximadamente R$ 5 milhões devido à falta de repasses da Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma). Segundo a denúncia, a dívida inviabiliza o custeio básico da operação e o pagamento regular das equipes.
“Falta até folha de papel para imprimir fichas e prescrições. Não há soro fisiológico, seringas, gaze ou medicamentos simples como dipirona, paracetamol, anti-inflamatórios e corticoides”, descreve o documento encaminhado ao portal.
Profissionais relatam que, apesar das condições precárias, continuam atuando para garantir o mínimo de assistência à população, ainda que sob forte pressão emocional e financeira.
Transição sem transparência
Outro ponto de tensão é a iminente troca de gestão da UPA. Uma nova OSS deve assumir a unidade a partir de 15 de setembro, mas, até o momento, não houve esclarecimento sobre a manutenção das escalas ou a regularização dos pagamentos pendentes. “Vivemos a insegurança total. Não sabemos se continuaremos ou se seremos substituídos de um dia para o outro”, afirma um dos profissionais.
Apelo à sociedade e às autoridades
Os servidores reforçam que o movimento de restrição de atendimentos não é contra os pacientes, mas uma forma de chamar atenção para o colapso da rede. O caso já foi notificado ao Ministério Público e comunicado oficialmente ao CRM.
“Estamos do lado da população. Queremos apenas condições mínimas de trabalho e o cumprimento dos nossos direitos”, diz o documento.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde de Belém e com a OSS IADVH para obter posicionamentos oficiais, mas não houve resposta até o fechamento desta edição.
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