O distrito de Uiraponga, município de Morada Nova (CE), está praticamente deserto após um êxodo forçado de centenas de famílias. A disputa entre grupos criminosos que visam o controle do território levou à expulsão massiva de moradores e à desativação dos serviços públicos locais.
O local, antes marcado pela tranquilidade da vida no campo, hoje apresenta ruas desertas, portas arrombadas e casas abandonadas, transformando-se em um verdadeiro “território-fantasma”.
Até pouco tempo atrás, Uiraponga era uma comunidade ativa, com escolas, comércio local e rotina tranquila. Nos últimos meses, porém, intensificaram-se as ameaças e confrontos entre facções rivais, que impuseram prazos para que os residentes deixassem o distrito sob risco de violência.
Cerca de 300 famílias abandonaram suas casas, levando apenas o mínimo, na tentativa de escapar do terror instaurado. Muitos saíram às pressas e buscaram abrigo em cidades vizinhas ou em casas de parentes.
Casas estão fechadas, comércios estão falindo e o funcionamento de escola e posto de saúde foi suspenso por falta de segurança. A prefeitura chegou a decretar situação de emergência no distrito.
Segundo relatos de ex-moradores, os criminosos impuseram prazos para que as famílias deixassem suas residências, sob ameaça de represálias. Muitos saíram às pressas, levando apenas o essencial, e buscaram abrigo em cidades vizinhas ou em casas de parentes.
A disputa parece envolver TCP (Terceiro Comando Puro) vs GDE (Guardiões do Estado) / facções locais, com movimentos de expansão e rompimento. O CV pode estar em disputa indireta, buscando aliança ou infiltração nas redes locais já existente.
“Eu vivi a vida inteira aqui, meus pais e avós também. Em poucas horas tivemos que deixar tudo para trás. A sensação é de perder o chão”, relatou uma moradora que pediu anonimato por medo de retaliações.
As autoridades locais confirmaram que o vilarejo foi tomado por integrantes de facções rivais, que disputam território para o tráfico de drogas e outras atividades ilícitas.
A Polícia Militar intensificou as operações na região, mas admite a dificuldade de manter presença constante em áreas afastadas e de difícil acesso.
O governo estadual informou que está acompanhando os casos de famílias deslocadas e que estuda medidas de segurança para permitir o retorno dos moradores.
No entanto, a incerteza sobre a retomada da vida normal ainda paira sobre o vilarejo e moradores estão com medo de voltar.
Especialistas em segurança pública destacam que episódios como este não são isolados e refletem o avanço do domínio territorial das facções em várias regiões do país.
“A expulsão de famílias inteiras evidencia o grau de intimidação e poder que essas organizações criminosas alcançaram.
A ausência do Estado nessas localidades abre espaço para que grupos armados assumam o controle social e econômico”, avalia um pesquisador da Universidade Federal do Ceará.
Enquanto isso, o vilarejo permanece em silêncio, com ruas vazias e casas abandonadas, um retrato da força do crime organizado e da vulnerabilidade de comunidades esquecidas pelo poder público.
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