Antes mesmo do discurso do premier israelense, Benjamin Netanyahu, na Assembleia Geral da ONU, representantes de dezenas de delegações, incluindo a do Brasil, deixaram o plenário da organização nesta sexta-feira, o mais recente protesto público de líderes mundiais que exigem o fim da guerra em Gaza e pressionam pelo reconhecimento de um Estado palestino.
O governo israelense esperava a saída das delegações, que seu embaixador na ONU, Danny Danon, ridicularizou como uma “encenação”. Apesar do salão vazio, a galeria acima do local, onde os Estados-membros podem levar convidados, estava lotada, o que sugere que Israel trouxe uma torcida organizada, como fez no ano passado.
Durante o discurso do premier, milhares de manifestantes se reuniram na Times Square, em Nova York, na frente do prédio das Nações Unidas, segurando cartazes com os dizeres: “Acabem com toda a ajuda dos EUA a Israel”, “Prendam Netanyahu” e “Parem de matar Gaza de fome agora!”.
Com o prolongar da guerra em Gaza por quase dois anos, atores internacionais tentam pressionar por um cessar-fogo, e cada vez mais vozes criticam abertamente o governo israelense por adotar uma abordagem linha-dura, com pouco espaço para uma solução política.
Uma série de países, incluindo Austrália, Canadá, França, Reino Unido e Portugal, reconheceu o Estado palestino às vésperas do início da Assembleia Geral, e muitos dos discursos políticos proferidos no plenário das Nações Unidas, desde terça-feira, mencionaram a guerra em Gaza.
Maioria dos líderes políticos abandona Assembleia da ONU com chegada de Netanyahu
Em seu discurso desta sexta, Netanyahu afirmou que Israel precisa “terminar o serviço” que começou em Gaza, em referência ao conflito contra o grupo terrorista Hamas.
“Os últimos elementos, os últimos remanescentes do Hamas, estão entrincheirados na Cidade de Gaza. Eles prometem repetir as atrocidades de 7 de outubro uma e outra vez, não importa quão reduzidas estejam suas forças. É por isso que Israel precisa terminar o serviço. É por isso que queremos fazê-lo o mais rápido possível”, afirmou.
Sob anonimato, uma fonte da delegação brasileira disse que “o ato fala por si próprio” e afirmou que a ação foi planejada, mas sem mais detalhes. Além dos representantes do Brasil, os iranianos também deixaram o plenário durante o discurso de Netanyahu. A agência de notícias Anadolu Ajansı confirmou a retirada da delegação turca. Já segundo a agência Antara News, a delegação da Indonésia também saiu. Dezenas de diplomatas de nações árabes, africanas e europeias, de acordo com a revista americana Newsweek, saíram em protesto.
Um dia antes, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, denunciou, em um discurso por videoconferência, o que chamou de um genocídio “monitorado e documentado” cometido por Israel em Gaza, e a política expansionista que o Estado judeu acelerou durante a guerra. No X, a conta do Estado da Palestina postou uma foto do auditório vazio durante o discurso de Netanyahu na assembleia.
Delegações se levantam em protesto durante discurso de Netanyahu:https://t.co/mhimwjxzNL pic.twitter.com/LCBTKIejHD
— QB News (@qbnewsoficial) September 26, 2025
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