Durante entrevista à revista Veja, a cantora Fafá de Belém, um dos ícones da música popular brasileira, fez duras críticas à forma como o corpo feminino vem sendo retratado por parte da nova geração de artistas. Aos 69 anos, ela afirmou que muitas cantoras têm reforçado estereótipos machistas ao promover uma imagem hipersexualizada da mulher.
“Tem mulher colocando a mulher num lugar sórdido, como um pedaço de carne balançando”, declarou Fafá, sem citar nomes. Para a artista, o problema não está na liberdade de expressão do corpo ou na sexualidade feminina, mas na forma como essa imagem tem sido explorada dentro da lógica mercadológica, que transforma a mulher em objeto de desejo e consumo.
Segundo a cantora, há diferença entre usar a sensualidade como ferramenta de empoderamento e se submeter a uma estética que atende apenas ao olhar masculino. Como contraponto, ela citou artistas internacionais como Beyoncé e Rihanna, que, em sua visão, conseguem conciliar sensualidade, autenticidade e força sem abrir mão da profundidade artística.
A fala de Fafá abre espaço para uma reflexão mais ampla sobre o papel da mulher na música atual. Num cenário em que o corpo feminino é frequentemente usado como chamariz visual, a crítica da artista paraense surge como um alerta: até que ponto a indústria cultural promove o empoderamento feminino — ou apenas repete o machismo sob outra roupagem?
Com uma trajetória marcada pela autenticidade, pela potência vocal e pelo engajamento, Fafá de Belém reforça sua visão: é possível ser sensual, livre e poderosa, sem reduzir a mulher a um “pedaço de carne”.
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