A equipe de articulação política do governo age para evitar que a anistia aos condenados por atos golpistas, que pode beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro, avance na Câmara. A meta principal do Palácio do Planalto é que nem a urgência, instrumento que acelera a votação do projeto, seja pautada, mas governistas admitem o cenário em que a pressão do bolsonarismo e de parte do Centrão possa fazer com que a medida seja colocada em votação e, pensando nisso, há ameaça de retirada de cargos daqueles que votarem a favor.
Parlamentares aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro tentam pressionar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) , a pautar o assunto e desejam ver a urgência e o mérito do texto aprovados pela Câmara até a próxima quarta-feira. O chefe da Casa ainda não definiu um relator para o texto e também não bateu o martelo sobre a data de votação, mas a tendência é que haja um sinal mais claro sobre isso após a reunião de Motta com líderes partidários na terça-feira.
Caso a pressão para que a urgência da anistia seja votada tenha efeito sobre Motta e a maioria dos líderes, aliados do governo dizem já ter uma estratégia preparada para impedir que o instrumento que acelera o projeto seja aprovado. Há um esforço para que a urgência não alcance os 257 votos necessários para passar e, para isso, a Secretaria de Relações Institucionais, comandada pela ministra Gleisi Hoffmann, mapeia cargos federais indicados por deputados de partidos do Centrão.
A avaliação de aliados do Palácio do Planalto é que é preciso cobrar os parlamentares para não votarem a favor do texto. Nos casos de deputados que não se sentirem à vontade para votar contra, o governo tem recomendado que ele se ausentem da sessão.
A ministra da SRI chegou a falar publicamente sobre o assunto após o União Brasil e o PP anunciarem que pediriam para que os ministros do Turismo, Celso Sabino, e dos Esportes, André Fufuca, saíssem dos cargos. As legendas encabeçam, junto com o PL, a pressão para a anistia ser pautada.
A decisão dos partidos vale somente para filiados que têm mandato e não alcança, por exemplo, indicados pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL).
Gleisi disse no início de setembro que “quem permanecer deve ter compromisso com o presidente Lula e com as pautas principais que este governo defende” e que “isso vale para quem tem mandato e para quem não tem mandato, inclusive para aqueles que indicam pessoas para posições no governo, seja na administração direta, indireta ou regionais”.
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