Em 1959, a Revolução Cubana liderada por Fidel Castro derrubou o regime de Fulgencio Batista, encerrando um período marcado por corrupção, autoritarismo e forte influência dos Estados Unidos sobre a economia cubana. A revolução socialista chegou com promessas de liberdade, justiça social e soberania popular. Mas, com o passar do tempo, essas promessas foram substituídas por um sistema rígido e autoritário — que perdura até hoje.
Um modelo concentrado no Estado
Logo após a revolução, o novo governo implantou um regime de partido único. Empresas privadas foram estatizadas, terras expropriadas e a oposição política eliminada. A imprensa foi colocada sob controle estatal, e a liberdade de expressão passou a ser severamente limitada. Até mesmo o direito de deixar o país passou a depender de autorização do governo.
O controle estatal não se limitava à política. O Estado passou a gerir toda a economia, determinando salários, distribuindo produtos e restringindo o funcionamento de pequenos negócios. Com a ajuda financeira da União Soviética, o modelo se manteve por algumas décadas, apesar das crescentes dificuldades internas.
O colapso e o “Período Especial”
Com o fim da União Soviética, no início dos anos 1990, Cuba perdeu seu principal aliado econômico. Sem recursos, o país mergulhou em uma crise profunda, conhecida como “Período Especial”. A população enfrentou longos apagões, desabastecimento generalizado, transporte precário e racionamento severo de alimentos.
Foi um momento crítico em que o discurso revolucionário precisou se confrontar com a dura realidade. Ainda assim, o regime se manteve no poder, reforçando o discurso de resistência ao “imperialismo americano”.

O papel do embargo
Desde 1962, os Estados Unidos impõem um embargo econômico a Cuba, restringindo comércio, investimentos e acesso a tecnologias. O bloqueio, embora amplamente criticado por organizações internacionais, é usado pelo governo cubano como principal justificativa para os problemas internos.
No entanto, analistas e ex-membros do próprio regime apontam que muitos dos entraves ao desenvolvimento cubano vão além do embargo. A centralização extrema, a falta de liberdade econômica, a burocracia estatal e a ausência de mecanismos democráticos são apontados como causas estruturais da estagnação da ilha.
A realidade atual
Hoje, mais de seis décadas após a revolução, Cuba segue enfrentando dificuldades profundas. Os salários continuam baixos, produtos básicos são escassos e a repressão a vozes críticas persiste. A internet chegou tardiamente ao país, com acesso ainda limitado e monitorado.
Protestos populares, como os que ocorreram em 2021, mostraram que o descontentamento é crescente — principalmente entre os jovens, que não enxergam perspectivas de futuro na ilha. Muitos deles arriscam suas vidas em balsas improvisadas, tentando chegar aos Estados Unidos ou a outros países da América Latina.

Liberdade ou controle?
A Revolução Cubana nasceu com a promessa de romper com o autoritarismo. No entanto, o que se estabeleceu foi outro tipo de controle — agora sob uma nova bandeira. O modelo socialista implantado na ilha falhou em garantir liberdade, prosperidade e pluralidade política.
Enquanto o governo insiste em se apresentar como símbolo de resistência, parte da população luta diariamente apenas para viver com dignidade.
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