A primeira-dama, Janja da Silva, defendeu nesta sexta-feira (8) o aumento da participação feminina no Congresso, afirmando que somente com mais mulheres no Parlamento será possível aprovar leis relevantes para a vida delas. O discurso foi feito durante evento da Petrobras no Rio de Janeiro, onde Janja também mencionou a “violência política” sofrida por mulheres na política e pediu que elas “não desistam” da disputa eleitoral.
O apelo, porém, contrasta com a própria realidade do governo Lula, que mantém apenas 10 mulheres no comando de ministérios — o equivalente a 26,3% das 38 pastas. Mesmo após a nomeação de Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais, o quadro segue longe do ideal defendido no discurso petista. Entre as ministras, figuram nomes já conhecidos, como Marina Silva (Meio Ambiente), Simone Tebet (Planejamento) e Sonia Guajajara (Povos Indígenas).
Além disso, Lula enfrenta crescente rejeição entre as mulheres. Pesquisa Genial/Quaest de abril mostrou que a desaprovação do presidente nesse público subiu de 39% para 53% em menos de um ano, aproximando-se dos 59% registrados por Jair Bolsonaro no final de 2021. A diferença é que, à época, a aprovação de Bolsonaro era de apenas 16%, enquanto Lula ainda mantém índices mais altos, embora em queda contínua.
O contraste entre a retórica e a prática reforça a percepção de que o discurso de igualdade do governo é mais voltado para efeito político do que para mudanças reais. Enquanto cobra mais espaço para as mulheres no Congresso, o próprio Executivo segue com um número limitado de ministras e sem políticas efetivas que revertam a insatisfação crescente desse eleitorado.
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