O número de brasileiros que decidiram transferir sua residência fiscal para países vizinhos, como Uruguai e Argentina, cresceu de forma expressiva nos últimos anos. Os dados, obtidos com exclusividade pela Revista Oeste junto à Receita Federal por meio da Lei de Acesso à Informação, revelam uma tendência silenciosa, mas significativa: a fuga de contribuintes de alta renda em busca de regimes tributários mais vantajosos.
De acordo com os registros da Receita, em 2022 apenas 21 brasileiros haviam transferido oficialmente sua residência fiscal para o Uruguai. Em 2024, esse número saltou para 101. Embora o volume absoluto ainda seja modesto, o perfil dos envolvidos chama atenção: trata-se de indivíduos com grande capacidade financeira, já que, para obter os benefícios fiscais oferecidos pelo país vizinho, é necessário investir no mínimo US$ 2,1 milhões (cerca de R$ 12 milhões) em solo uruguaio.
Ao atingir esse patamar de investimento, o cidadão entra no chamado regime de “Tax Holiday”, que concede isenção total sobre a renda obtida fora do Uruguai por 11 anos. Além disso, o país não cobra impostos sobre herança ou doação. Passado o período de isenção, a tributação continua sendo atrativa: 12% sobre ganhos de capital e 7% de Imposto de Renda para Pessoas Físicas, bem abaixo dos índices brasileiros, que chegam a 15% e 27,5%, respectivamente.
Atração argentina após Milei
A Argentina também passou a figurar no radar de brasileiros endinheirados, especialmente após a eleição do presidente libertário Javier Milei, em 2023. Segundo a Receita Federal, houve um crescimento de 260% na quantidade de brasileiros que optaram por transferir seu domicílio fiscal para o país, passando de 25 em 2023 para 90 em 2024.
Embora o sistema tributário argentino ainda enfrente críticas, o discurso de redução do tamanho do Estado, cortes de impostos e reformas econômicas do novo governo atraiu parte da elite econômica brasileira, que busca mais previsibilidade e menor carga tributária.
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