Belém encerrou o primeiro semestre de 2025 com o maior aumento nos preços dos aluguéis residenciais entre todas as capitais brasileiras analisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados, divulgados por meio do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), revelam que, entre janeiro e junho deste ano, o aluguel na capital paraense subiu 5,95%, o que corresponde a mais de dois pontos percentuais acima da média nacional, que foi de 3,13%.
Apesar de ter registrado uma leve queda de 0,31% nos valores dos aluguéis no mês de junho, interrompendo a alta de 0,29% observada em maio, o acumulado semestral manteve Belém no topo do ranking nacional. No recorte dos últimos doze meses, a capital ocupa o segundo lugar, com inflação de 7,45%, atrás apenas de Vitória (ES), que atingiu 9,97%.
A tendência de alta também foi confirmada pelo índice FipeZap, que monitora os valores anunciados de imóveis a partir de dados coletados em plataformas digitais. Segundo o levantamento, o preço médio do metro quadrado do aluguel em Belém chegou a R$58,99 em junho, o terceiro maior entre as cidades analisadas, atrás apenas de Barueri (R$68,30) e São Paulo (R$61,32).
Entre os bairros de Belém, Umarizal lidera como o mais caro, com média de R$67,80 por metro quadrado, seguido de perto por Jurunas (R$67,30) e Cremação (R$64,90). Este último também foi o que mais encareceu no período de um ano, com variação acumulada de 56%. Já os bairros com os aluguéis mais acessíveis foram São Brás (R$54,60), Marambaia (R$54,70) e Pedreira (R$55,10).
Ainda segundo a FipeZap, o aluguel em Belém subiu 8,94% no primeiro semestre, superando os dados do próprio IPCA. No acumulado dos últimos doze meses, a alta foi de 19,85%, sendo a segunda maior entre as capitais, atrás apenas de Salvador (22,68%).
Para o economista e analista de mercado urbano Carlos Marques, os números indicam que Belém vive uma “bolha silenciosa do aluguel”. Segundo ele, os reajustes contínuos e acima da média comprometem o acesso da população à moradia e podem desencadear um cenário de inadimplência e esvaziamento de imóveis. “Se esse ritmo continuar, teremos muitos imóveis vagos e famílias endividadas por não conseguirem arcar com o custo do aluguel”, alerta.
Enquanto isso, o setor imobiliário segue aquecido, mas com sinais de desequilíbrio. Para especialistas, medidas que incentivem a regulação do mercado e ampliem as opções de moradia acessível devem ser consideradas com urgência para conter os efeitos desse aumento desenfreado no custo de vida da população belenense.
Comentários