Mesmo se posicionando publicamente a favor da “liberdade de expressão” nas redes sociais e rejeitando pautas feministas, Michelle Bolsonaro (PL) ingressou com uma ação judicial contra a jornalista Theônia Pereira, do podcast piauiense IELTV. O motivo é um comentário feito pela comunicadora durante uma edição do programa, na qual comparava a ex-primeira-dama à socióloga Rosângela Silva, a Janja, esposa do presidente Lula.
A fala que gerou a ação foi ao ar em 11 de junho, quando Theônia foi provocada a analisar as diferenças entre Michelle e Janja após um comentário de teor machista feito por um dos participantes do podcast.
“Existe uma questão de percepção, de imagem pública. A Michelle é uma mulher loira, bonita… Há também uma discussão sobre etarismo. Ela vende uma imagem de mulher de família, quase como um papel encenado. Há rumores antigos sobre seu passado, inclusive envolvendo familiares com antecedentes policiais. É algo complexo”, comentou Theônia, em tom crítico.
Michelle, representada pelo advogado Marcelo Luiz Ávila de Bessa, apresentou queixa-crime na 2ª Vara Criminal de Teresina, alegando injúria e difamação com agravante do uso das redes sociais.
Segundo o advogado, as declarações foram “falsas, ofensivas e misóginas”, feitas com o objetivo de manchar a reputação pública de sua cliente. Ele destacou ainda que Michelle não pretende aceitar acordos e pede a aplicação das penalidades com os agravantes legais cabíveis.
Bastidores e mensagens vazadas
A figura de Michelle Bolsonaro, terceira esposa do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem causado divisões até mesmo entre aliados próximos do ex-mandatário. Um exemplo foi uma conversa vazada entre o tenente-coronel Mauro Cid e o ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten, revelando ceticismo quanto à possível candidatura de Michelle nas eleições de 2026.
As mensagens, datadas de 27 de janeiro de 2023, mostram que Wajngarten comentou com Cid a possibilidade de o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, lançar Michelle como presidenciável. A resposta de Cid veio em tom irônico: “Prefiro o Lula”, seguida de risadas. Wajngarten concorda com a frase, respondendo “idem”.
Na conversa, Wajngarten compartilha mensagens afirmando que Michelle receberia R$ 39 mil mensais do PL por representar o bolsonarismo sem a rejeição do ex-presidente. Em outra, questiona se Valdemar está “vivendo no mundo da lua”.
Cid envia ainda um áudio transcrito na troca, afirmando que, caso Michelle concorra a um cargo de destaque, “vai ser destruída”, citando que há “muitos pontos frágeis em seu passado” que poderiam ser usados contra ela.
Em nova interação, no início de fevereiro, os dois voltam a discutir o assunto após uma reportagem sobre a possível candidatura de Michelle ao Senado. Wajngarten relata uma conversa com Bolsonaro sobre o tema, dizendo que chegou a questioná-lo se a ideia tinha sua anuência.
Sem detalhar a resposta de Bolsonaro, Wajngarten afirma que o ex-presidente ligou para ele em seguida. Cid, por sua vez, conclui: “Ela tem muito furo… muita coisa que pode ser usada contra… inclusive do passado”.
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