Após sofrer uma derrota legislativa no Congresso Nacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva subiu o tom em defesa da proposta que busca isentar do Imposto de Renda pessoas com renda mensal de até R$ 5 mil. Em discurso enfático, Lula acusou setores da elite econômica de resistirem à ideia de que os mais ricos contribuam de forma mais justa com o sistema tributário brasileiro. “Meu lado é o povo trabalhador desse país, são os professores, a classe média baixa, que é quem paga Imposto de Renda”, afirmou.
Inabalado pela ofensiva legislativa contra o governo, o presidente Lula está no Tocantins nesta sexta-feira (27), para anunciar medidas que visam fortalecer a governança fundiária, promover a justiça social e impulsionar o desenvolvimento econômico e social do estado.
Ao comentar as críticas que recebe, Lula ironizou: “Tem gente que eu sei que não gosta de mim. E não gosta de mim exatamente porque eu gosto de vocês. Se eu não estivesse aqui e estivesse em uma reunião com eles, tomando uísque a essa hora, eles gostavam de mim”. O presidente também citou seu tradicional café da manhã com pessoas em situação de rua no fim de ano como símbolo de seu compromisso com os mais vulneráveis, contrapondo-se ao comportamento das elites. “Se eu, todo dia 23 de dezembro, em vez de tomar café com os moradores de rua de São Paulo, fosse jogar golfe com eles, eles gostavam de mim”, declarou.
Imposto para ricos, isenção para trabalhadores – Lula reforçou a defesa do projeto enviado ao Congresso que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais, ao mesmo tempo em que prevê a taxação de rendas acima de R$ 1 milhão por ano. “Eles não querem. Eles não querem pagar. Quem paga imposto nesse país é quem trabalha e recebe contracheque no final do mês, que é descontado na folha”, lamentou o presidente.
Sem citar diretamente parlamentares ou partidos, Lula afirmou que a resistência à proposta parte de setores que se opõem a qualquer redistribuição de carga tributária. “Todo mundo fala ‘gasta muito dinheiro com Bolsa Família, com não sei das quantas’, mas não querem que quem ganha mais pague um pouquinho a mais. É disso que se trata”, reforçou.
“Nunca mais um mentiroso vai enganar o povo” – Em tom de indignação, Lula também criticou o uso de fake news na política e afirmou estar preparado para enfrentar as eleições de 2026, mesmo com quase 80 anos. “Nunca mais, enquanto eu tiver força, um cidadão mentiroso vai ganhar as eleições nesse país para enganar o povo”, prometeu. Ele completou: “Tenho falado com Deus que quero viver até 120 anos. Estou com muita saúde. Digo para a Janja: estou melhor agora com 80 do que quando eu tinha 50. Estou tomando água com o elixir da juventude”.
Lula destacou que o desempenho da economia brasileira em seus mandatos sempre superou as gestões anteriores e associou esse resultado ao compromisso com os mais pobres. “A economia só cresce quando o Lula chega na Presidência. O salário mínimo, o emprego, o pequeno produtor, o PAA só melhora quando eu chego, a cultura também”, afirmou, acrescentando que “quem quiser nos vencer vai ter que andar esse país disputando com a gente nas ruas”.
Apelo contra o ódio e a desigualdade global – Em sua fala, o presidente também alertou para os efeitos da desinformação nas redes sociais e o crescimento da intolerância. “Vocês precisam ajudar a derrotar a mentira. Todo dia vocês recebem um milhão de mentiras no celular, inclusive com ofensas a mulheres e estimulando o ódio entre as crianças”, denunciou, citando ataques preconceituosos contra pessoas com deficiência e doentes. “Fico muito puto da vida”, desabafou.
Lula ampliou o tom crítico ao abordar a desigualdade global. “O mundo está precisando de paz. Temos 733 milhões de seres humanos passando fome no mundo e os países ricos no ano passado gastaram US$ 2,7 trilhões em armas e nenhum tostão com comida”, condenou. E concluiu com um questionamento: “Fico me perguntando se essa gente não tem capacidade de se indignar com a miséria”.
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