Nesta terça-feira, 17 de junho de 2025, a emissora estatal iraniana fez uma declaração enigmática que chamou atenção internacional: “Esta noite, o mundo testemunhará algo que será lembrado por séculos.” A mensagem, vaga mas carregada de tensão, foi transmitida ao vivo e imediatamente repercutiu globalmente.
A fala ocorre em meio a um aumento significativo nas hostilidades entre Irã e Israel. Um dia antes, em 16 de junho, forças israelenses atacaram diretamente o edifício da emissora oficial em Teerã durante uma transmissão ao vivo. O impacto foi captado pelas câmeras, mostrando o apresentador fugindo entre escombros enquanto se ouviam gritos de “Allahu Akbar”.
Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores do Irã condenou o ataque, chamando-o de “desprezível” e exigiu uma resposta urgente da Organização das Nações Unidas (ONU). Já o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) adotou um tom ainda mais severo, classificando o ato como “terrorista, desumano e criminoso”.
A atual crise teve início em 13 de junho, quando Israel lançou uma ofensiva surpresa contra instalações militares e nucleares iranianas. De acordo com o Ministério da Saúde iraniano, mais de 200 pessoas morreram, entre elas militares de alta patente e cientistas nucleares. Em represália, o Irã lançou mísseis e drones sobre várias cidades israelenses, resultando em pelo menos 24 mortes, conforme informações do gabinete do primeiro-ministro de Israel.
A escalada regional levou o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a encurtar sua participação na cúpula do G7 no Canadá, a fim de lidar diretamente com o agravamento do conflito, reafirmando o apoio dos EUA a Israel.
Preocupações Nucleares e o Papel do Irã
O anúncio iraniano coincide com um novo relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que aponta que o país elevou o nível de enriquecimento de urânio a 60% na instalação de Fordow – um patamar perigosamente próximo ao necessário para armamento nuclear. Desde que abandonou o protocolo adicional do acordo nuclear de 2015 (JCPOA), o Irã tem restringido o acesso de inspetores internacionais, ampliando os temores de uma possível corrida armamentista.
Diante do contexto, analistas debatem a possibilidade de o Irã estar prestes a testar uma arma nuclear ou realizar uma demonstração militar impactante. No entanto, há também quem veja a declaração como uma tentativa estratégica de dissuasão ou pressão geopolítica.
A postura do Irã, moldada tanto por sua ideologia revolucionária quanto por interesses práticos – como seus laços comerciais com China e Índia – é refletida também no uso contínuo de grupos aliados como Hezbollah e Hamas para enfrentar Israel de forma indireta desde os anos 1980. Essa tática tem evitado confrontos diretos em grande escala, enquanto mantém a tensão constante no Oriente Médio.
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