O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou no último sábado (30) aplicar tarifas de 100% sobre os países membros do Brics, caso não se comprometam a abandonar planos de criar uma nova moeda ou apoiar outra substituta do dólar.
A discussão dentro dos Brics, de fato, existe e tem no presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, um de seus maiores entusiastas.
Trump ainda reforçou a impossibilidade de substituição do dólar americano e disse que os países que tentarem devem se despedir dos EUA.
“Exigimos que esses países se comprometam a não criar uma nova moeda do Brics nem apoiar qualquer outra moeda que substitua o poderoso dólar americano, caso contrário, eles sofrerão 100% de tarifas e deverão dizer adeus às vendas para a maravilhosa economia norte-americana”, escreveu Trump em sua plataforma de mídia social, a Truth Social.
“Eles podem procurar outro ‘otário’. Não há nenhuma chance dos Brics substituírem o dólar americano no comércio internacional, e qualquer país que tentar deve dizer adeus aos Estados Unidos”, acrescentou o republicano.
Quem são os Brics?
O grupo dos Brics foi fundado em 2006 e reunia, na época: Brasil, Rússia, Índia e China. Na fundação, se chamava apenas “Bric”, “tijolo”, em inglês, e derivava da inicial do nome de cada país membro. O termo havia sido cunhado cinco anos antes pelo economista britânico Jim O´Neil, que entendia que esses países emergentes seriam os pilares (tijolos) da economia mundial em no máximo cinquenta anos.
Posteriormente, a África do Sul entrou para o Brics, e a letra “S” foi adicionada. Lula presidia o Brasil na época da criação do grupo e sempre foi defensor dessa aliança estratégica entre os maiores países emergentes para obter mais espaço na economia mundial e dos órgãos de governança global, dominados pelas potências ocidentais.
Em 2023, o grupo foi ampliado com a entrada de outros seis países: Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos.
Lula também defende substituição do dólar
Lula é um dos principais defensores, dentro dos Brics, da adoção de moeda alternativa.
“O bloco deve avançar na construção de um sistema financeiro menos dependente do dólar, fortalecendo o Novo Banco de Desenvolvimento e a cooperação econômica entre seus membros”, disse ele durante a cúpulas dos Brics no mês passado, realizada em Kazan, na Rússia.
Ano passado, na China, ao lado do presidente Xi Jinping, Lula já havia defendido enfaticamente a medida.
“Por que não podemos usar nossas próprias moedas no comércio entre os Brics? Quem decidiu que o dólar seria a moeda universal? É hora de fazer as coisas de forma diferente”, questionou.
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