A União Europeia foi impedida de enviar observadores para a próxima eleição presidencial da Venezuela. O anúncio foi feito na tarde da última terça-feira (28), pelo presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Elvis Amoroso, que retirou o convite feito ao bloco europeu para estar no país durante o pleito.
Em comunicado lido pelo próprio representante do órgão eleitoral do país, Amoroso “exige que a União Europeia levante todas as sanções abusivas e genocidas contra a Venezuela”.
Em 13 de maio, a União Europeia retirou as sanções contra quatro membros do governo, entre eles Elvis Amoroso. No entanto, as restrições foram mantidas contra altos funcionários do governo, o que gerou forte desconforto.
A declaração foi feita faltando apenas dois meses para as eleições, na qual o presidente Nicolás Maduro enfrentará, entre outros candidatos, o opositor Edmundo González.
Violação do Acordo de Barbados
A proibição aos observadores da União Europeia viola o Acordo de Barbados, documento assinado em outubro de 2023 pela oposição e pelo governo de Maduro, que prevê a transparência do processo eleitoral de 28 de julho.
Após anunciar que a União Europeia não acompanhará as eleições presidenciais, Elvis Amoroso informou que mais de duzentos organismos, entre eles o Centro Carter, participarão do processo eleitoral.
Em resposta a proibição, a líder da oposição Maria Corina Machado, realizou uma carreata na última terça-feira (28) levando milhares de pessoas as ruas.
A ex-deputada María que despontava nas pesquisas venezuelanas como favorita nas primárias que os partidos de oposição realizaram em outubro do ano passado, ficou inelegível por 15 anos por uma decisão da Controladoria Geral da República.
Entre 2011 e 2014, Corina foi deputada na Assembleia Nacional da Venezuela. Considerada combativa, ela se destacou por fazer críticas tanto ao regime, quanto à oposição. Ficou conhecida por liderar a oposição mais linha-dura contra o então presidente Hugo Chávez.
Recentemente, se opôs tanto ao autoproclamado governo interino de Juan Guaidó quanto ao setor mais moderado da oposição, que queria derrotar Maduro pela via eleitoral.
Corina Machado foi uma das principais articuladoras das manifestações contra o governo de Maduro em 2014, e teve o mandato cassado.
Declarada inelegível
Corina Machado já estava proibida de ocupar cargo público, mas esse veto iria vencer. Em 2015, o regime venezuelano a condenou porque ela teria deixado de declarar alguns benefícios que teria recebido — ela nega que tenha recebido esses benefícios.
Agora, o regime venezuelano prorrogou a proibição que havia sido determinada pelas seguintes razões:
Ela apoiou sanções dos Estados Unidos ao governo de Maduro.
Ela apoiou o ex-líder da oposição Juan Guaidó.
Essa decisão de prorrogar o veto a Machado foi motivado por um pedido de um deputado aliado do governo de Nicolás Maduro, José Brito, que serve na Assembleia Nacional (o órgão legislativo controlado pelo partido governista) a respeito da proibição de 2015.
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