A denúncia contra o padre Júlio Lancellotti também chega ao Ministério Público Federal (MPF), à Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e ao Vaticano, instituição máxima da Igreja Católica. Tanto os vídeos que mostram o pároco supostamente se masturbando para um menor de idade quanto a perícia contratada por políticos e veículos de comunicação serão enviados nesta terça-feira, 23.
Nesta segunda-feira (22) o cardeal dom Odilo Scherer recebeu a denúncia pelas mãos do presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (União).
Em 81 páginas, os peritos Reginaldo Tirotti e Jacqueline Tirotti apresentam o laudo dos vídeos protagonizados por Júlio Lancellotti. Eles analisaram o estado de conservação dos arquivos, observaram cada frame dos filmes, realizaram os exames prosopográficos (técnica que identifica as características faciais) e inspecionaram o ambiente.
Essa análise converge com um laudo de 2020. Na ocasião, o perito Onias Tavares de Aguiar recebeu os vídeos pelas mãos do deputado estadual Arthur do Val. Ao fim do relatório de 172 páginas, chegou-se, supostamente, à veracidade das cenas.
Os vídeos foram gravados por um adolescente, que tinha 16 anos na época das conversas com Júlio Lancellotti. A cena inicial mostra uma tela de celular, com trocas de mensagens no aplicativo WhatsApp. Depois, começa a videochamada e a câmera oscila entre as partes íntimas e o rosto do padre.
Perícias do gênero, como a elaborada por Jacqueline e Reginaldo Tirotti, chegam a um veredito depois da verificação de distintos elementos:
- contorno facial;
- altura da calvície;
- inclinação do nariz;
- acessórios; e
- mobílias.
Ao constatar todas as convergências e verificar a ausência de vestígios de adulteração dos arquivos, Reginaldo e Jacqueline teriam concluído que Júlio Lancellotti é o homem que aparece nas imagens.
Quem são os peritos que atestaram a veracidade dos vídeos de Júlio Lancellotti
O perito forense Reginaldo Tirotti é conhecido pela imprensa brasileira há anos. Em outras ocasiões, foi contratado pela Folha de S.Paulo e pela Veja para realizar análises semelhantes.
Em agosto de 2016, por exemplo, Tirotti colaborou com o jornal em um caso que envolvia o então deputado Celso Russomano. O parlamentar era acusado de utilizar uma servidora da Câmara, Sandra de Jesus, como funcionária de sua produtora. Na ocasião, o perito analisou assinaturas da servidora e comprovou as irregularidades.
A Folha voltou a solicitar os serviços de Tirotti no mesmo mês. Na ocasião, o jornal queria saber se uma suposta troca de mensagens entre o senador Magno Malta e o presidente da fabricante de móveis Itatiaia, Victor Penna Costa, era verdadeira. O diálogo traria indícios de que o parlamentar recebeu R$ 100 mil não declarados. No fim, o especialista atestou a autenticidade das mensagens.
Em 2022, Tirotti recebeu um telefonema da Veja. Na época, a revista buscava confirmar a integridade de 23 cartas escritas por Adélio Bispo, ex-militante de esquerda que em 2018 tentou assassinar o então candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PL). O perito constatou a veracidade das cartas, escritas à mão em 2021, na Penitenciária Federal de Brasília.
Com informações de Revista Oeste
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