O presidente equatoriano, Daniel Noboa, anunciou um estado de exceção em todo o país, incluindo o sistema penitenciário, após a fuga do líder da maior quadrilha criminosa de uma prisão em Guayaquil, ocorrida no último domingo (7).
O estado de exceção permitirá que as Forças Armadas auxiliem a polícia nas ruas devido à grave comoção interna no país. Durante os próximos 60 dias, alguns direitos serão restringidos, como o de locomoção, com um toque de recolher das 23h às 5h, o direito de reunião e a privacidade domiciliar e de correspondência (não será preciso uma ordem judicial para que as autoridades entrem nas casas das pessoas).
Essa é a primeira vez, desde sua posse há menos de dois meses, que Noboa decreta um estado de exceção. No entanto, no passado recente, o governo de Guillermo Lasso recorreu a essa medida duas vezes: em 2021, diante do aumento da atividade de grupos de narcotraficantes, e em 2023, após a morte de um candidato presidencial.
No Brasil, existem três tipos de estado de exceção: estado de defesa, estado de sítio e intervenção federal, aplicáveis em situações específicas de guerra ou grave ameaça. O estado de defesa impõe restrições a direitos de reunião, sigilo de correspondência, ocupação de bens públicos, e permite a prisão de pessoas que atentem contra o Estado. Requer consulta a órgãos específicos e ao Congresso em até 24 horas, com validade máxima de 30 dias.
José Adolfo Macías Villamar, conhecido como Fito, um dos principais criminosos do Equador, não foi encontrado na prisão onde deveria estar cumprindo pena, anunciou o Ministério Público no domingo à noite.
Fito, líder do grupo Los Choneros, é considerado um dos criminosos mais perigosos do país. Mais de 3.000 homens, entre polícia e exército, foram mobilizados para localizá-lo, mas até o momento, seu paradeiro permanece desconhecido.
Os Choneros inicialmente eram um grupo de assassinos contratados e depois expandiram suas atividades para o tráfico de drogas e roubos, associando-se ao cartel de Sinaloa, do México. Fito cumpre pena desde 2011 por diversos crimes, incluindo roubo, participação em organização criminosa, posse de armas e assassinato.
Na manhã de domingo houve uma operação das forças policiais no centro penitenciário de Guayaquil onde Fito cumpria pena com o objetivo de encontrar armas e também tomadas nas celas.
O presidente do país, Daniel Noboa, deu uma entrevista em dezembro, onde afirmou que a cela do líder de um grupo criminoso não deveria ter tomadas, mas que Fito tinha quatro tomadas em seu cômodo, mais do que um quarto de hotel, segundo o presidente.
Além disso, gerou controvérsia o aparecimento de Fito em um videoclipe de um narcocorrido, um estilo musical parecido com o “proibidão” brasileiro. Parte do vídeo foi filmada dentro da prisão e é um dueto entre Mariachi Bravo e a cantora Queen Michelle, filha de Fito.
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