Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol e candidato a presidente da CBF, disse em reunião com representantes de clubes que Helder Barbalho (MDB), governador do Pará, está usando a máquina do estado para interferir na disputa da presidência da entidade máxima do futebol brasileiro.
Desde a destituição de Ednaldo Rodrigues, a sucessão na CBF tem sido encarada pelo mundo político como oportunidade para ampliar o raio de influência. Arthur Lira (PP), presidente da Câmara, tenta emplacar o aliado Gustavo Feijó, por exemplo.
Em gravação de reunião obtida pelo Painel, Bastos disse que Barbalho tem feito “pressão enorme” sobre Mauricio Ettinger, presidente do Paysandu, e Ricardo Gluck Paul, presidente da Federação Paraense de Futebol, para que não o endossem ele precisa do apoio de ao menos cinco clubes e oito federações para inscrever a candidatura.
Bastos também insinuou que Barbalho teria ameaçado retaliar Gluck Paul por meio da demissão de sua esposa, em aparente confusão: a irmã do dirigente é procuradora geral adjunta do Pará. O objetivo da pressão seria beneficiar Fernando Sarney, aliado do governador que tem sido cotado para assumir a entidade e recebeu aceno de Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF.
A informação, foi destaque da abertura da última sexta-feira (29), da coluna Painel, a mais importante do jornal Folha de S.Paulo.
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Fernando Sarney, candidato que o governador do Pará estaria apoiando, é filho do o ex-presidente e ex-senador José Sarney, que, mesmo aposentado da política, ainda exerce certa influência no MDB.
Em 2015, Fernando Sarney não aceitou ser presidente da CBF por temer a polícia americana FBI. Foi o que disse a Marco Polo Del Nero ao receber o convite na época.
O filho do senador José Sarney tinha medo que as investigações avançassem sobre sua vida financeira no Brasil, caso tivesse assumido a entidade. Em 2009, foi investigado pela Polícia Federal com a abertura de cinco inquéritos para apurar os crimes de evasão de divisas, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e formação de quadrilha.
A OLIGARQUIA SARNEY
Assim como no Pará com a família Barbalho, a oligarquia Sarney também sempre trabalhou em várias frentes afim de se perpetuar no poder e cumprir seu papel patrimonialista de acúmulo de riqueza e poder.
Além do domínio total do maior conglomerado de mídia do Maranhão, em 1998, o oligarca José Sarney ex-presidente da república, percebeu um espaço em aberto na CBF e ocupou rapidamente com seu filho Fernando Sarney. O oligarca articulou para que o filho assumisse o cargo de assessor especial da presidência da CBF ainda na década de 90.
Não demorou muito e o filho mais novo da oligarquia virou vice-presidente da CBF em 2004. Como o que interessa para a oligarquia é se perpetuar no poder, o empresário Fernando Sarney vem se reelegendo como vice-presidente desde então.
Em julho de 2007, Fernando Sarney foi indiciado pela Polícia Federal sob a acusação, entre outros crimes, de falsificar documentos para favorecer empresas em contratos com estatais.
Fernando foi o principal alvo da Operação Boi Barrica (renomeada posteriormente para ‘Faktor’), criada em 2006 para investigar suspeitas de caixa dois na campanha de Roseana Sarney ao governo do Estado. Às vésperas da disputa, ele havia sacado R$ 2 milhões em dinheiro.
O empresário foi indiciado pelos crimes de formação de quadrilha, gestão de instituição financeira irregular, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Pela investigação, o órgão mais beneficiado pelos crimes foi o Ministério de Minas e Energia – então controlado politicamente por seu pai, José Sarney.
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Na época Fernando Sarney alegou inocência no caso, e o processo segue até hoje, correndo sob segredo de Justiça. Em 2008, a Polícia Federal passou a investigar uma suposta quadrilha liderada por Fernando Sarney, apelidada de “Grupo Poli 1978”.
O nome era uma alusão ao ano e ao local (Escola Politécnica da USP) em que seus membros haviam obtido o diploma universitário de engenharia.
Segundo a PF, o grupo, liderado por Fernando Sarney formava uma “organização criminosa” instalada no interior da administração federal. Eles seriam responsáveis pela manipulação de concorrências públicas, desvio de dinheiro de obras estatais e
“manutenção de negócios à sombra do Estado”.
Cópias de contratos, e-mails e relatórios de conversas telefônicas obtidos pela PF dariam detalhes sobre operações financeiras em paraísos fiscais do Caribe e na China, envolvendo recursos não declarados ao
Imposto de Renda.
Quando o caso veio à tona, Fernando Sarney disse que as operações financeiras citadas pelos policiais federais faziam parte de sua rotina comum de empresário, que administrava um dos grandes grupos de comunicação do Nordeste brasileiro, com uma emissora de TV, um jornal e cinco emissoras de rádio.
Assista o vídeo abaixo:
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