Câmeras de segurança instaladas na casa do delegado da Polícia Civil Erik Wermelinger Busetti registraram todo o crime cometido por ele contra a esposa e a enteada. A escrivã Maritza Guimarães de Souza, de 41 anos, e a filha dela, Ana Carolina de Souza Holtz, de 16, foram mortas a tiros no dia 4 de março de 2020, no bairro Atuba, em Curitiba, porém a Justiça determinou que ele vá a júri popular, previsto para ocorrer somente no dia 15 de maio de 2024.
O crime aconteceu na casa onde a família morava. A casa possuía diversas câmeras, instaladas em vários pontos, como quartos, sala, cozinha, e todas elas registraram momentos antes e depois do assassinato.
Através das imagens, é possível ver que uma discussão entre o casal começa, por volta das 21h. Os dois continuam discutindo até por volta de 00h, quando Maritza pega a bolsa e desce a escada como se estivesse saindo de casa.
Em um dos quartos está uma filha do casal, de 9 anos, que dorme. No outro quarto está Ana, a enteada de Erik, que mexe no computador. O delegado vem, bate à porta do quarto de Ana que, ao atender, é agredida com socos, chutes e tapas.
Ao ouvir os gritos da filha, Maritza volta para ver o que está acontecendo e tenta defender Ana das agressões. Outra câmera registra o momento em que Erik, então, dispara várias vezes contra as duas, que morreram abraçadas no chão.
As imagens são fortes e a reportagem optou por acelerá-las e cortá-las no momento em que mãe e filha levam os tiros.
Duplo feminicídio
O delegado foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) por duplo feminicídio. As promotoras apontam que Ana Carolina e Maritza não puderam se defender.
No caso do assassinato de Maritza, também incide a qualificadora de motivo torpe porque, segundo a acusação, ele não aceitava os termos do fim da relação.
O casal estava junto havia, aproximadamente, dez anos, e estava em processo de separação, pelo menos, um ano antes do crime, conforme o relato de testemunhas e familiares.
Dias antes de ser denunciado pelo Ministério Público, Busetti foi indiciado pela Polícia Civil por duplo feminicídio com incidência de aumento de pena por ter cometido o crime próximo da filha de nove anos.
A menina estava no quarto dormindo, mas, de acordo com a delegada responsável pelas investigações, estava muito próxima e acordou com os disparos.
A criança não ficou ferida e foi levada para a casa de um vizinho pelo acusado após o ocorrido.
O delegado estava lotado na Delegacia do Adolescente e, até janeiro de 2019, estava à frente do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria).
Maritza trabalhava como escrivã na Divisão de Planejamento Operacional da Polícia Civil.
Segundo consulta feita no Portal da Transparência do Governo do Paraná, mesmo detido, Erik Busetti consta como servidor ativo e recebe salário pelo cargo público. Em novembro de 2023, a remuneração bruta foi de R$ 26.762,70.
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