O presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou apoio público ao ministro da Justiça, Flávio Dino, rejeitando acusações recentes como “fake news” disseminadas por opositores “insatisfeitos com a perda de poder e oportunidades para suas atividades ilícitas”. Lula não especificou os adversários nem detalhou as supostas atividades criminosas.
Em uma publicação na rede social X (anteriormente conhecida como Twitter), Lula defendeu Dino após reportagens do jornal Estado de S.Paulo divulgarem encontros entre autoridades do ministério de Dino e duas mulheres suspeitas de pertencerem ao grupo criminoso Comando Vermelho.
“Minha solidariedade ao ministro Flávio Dino, que vem sendo alvo de absurdos ataques artificialmente plantados. Ele já disse e reiterou que jamais encontrou com esposa de líder de facção criminosa. Não há uma foto sequer, mas há vários dias insistem na disparatada mentira”, escreveu Lula.
Contudo, ao contrário do que foi afirmado pelo presidente, as acusações não implicam diretamente Dino em encontros com uma integrante do Comando Vermelho. A controvérsia recai sobre sua responsabilidade hierárquica pelas autoridades que se reuniram com Luciane Barbosa Farias, conhecida como “dama do tráfico amazonense” e esposa de um líder do Comando Vermelho, além da ex-deputada do PSOL-RJ, Janira Rocha.
Essas mulheres se encontraram com autoridades como Rafael Velasco, da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), Sandro Abel Sousa Barradas, Diretor de Inteligência Penitenciária da Senappen, Paula Cristina da Silva Godoy, da Ouvidoria Nacional de Políticas Penais (Onasp), e Elias Vaz, secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, que tentou assumir a responsabilidade alegando desconhecimento sobre o envolvimento das interlocutoras com o crime organizado. Fotografias desses encontros foram registradas no Ministério da Justiça.
Novas reportagens do Estado de São Paulo apresentaram documentos indicando que demandas da dama do tráfico amazonense ao Ministério da Justiça foram atendidas. Uma delas estaria relacionada à reclamação sobre o uso de scanners corporais em mulheres grávidas durante visitas a detentos.
Elias Vaz afirmou não ter conhecimento das conexões de Luciane com o Comando Vermelho e prometeu revisar os procedimentos de entrada no ministério. O Ministério da Justiça não se manifestou sobre a suspeita de que a ex-deputada do PSOL também fosse financiada pela facção criminosa.
As evidências dos encontros das supostas integrantes do Comando Vermelho no Ministério da Justiça surgem em um momento em que Dino está sendo considerado por Lula para uma vaga de ministro no Supremo Tribunal Federal.
O jornal Estado de S.Paulo também revelou ligações de Luciene com outro ministério durante o governo de Lula, o de Direitos Humanos, liderado por Silvio Almeida. A pasta teria custeado despesas para a participação da dama do tráfico em um evento em Brasília. Luciene tinha livre acesso aos ministérios como representante de uma ONG que defendia os direitos dos presos, mas investigações policiais indicam que essa ONG era financiada pelo Comando Vermelho.
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