Autoridades de Cuba pediram ao governo brasileiro maior flexibilidade no pagamento de dívidas acumuladas com projetos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), depois de dizer que Havana não tem como arcar com o valor neste momento. Ao todo, o atraso soma US$ 538 milhões.
A informação foi obtida pelo jornal Folha de S.Paulo a partir de um documento que registrou uma reunião virtual na segunda-feira(11) entre integrantes de órgãos do Executivo brasileiro e de bancos públicos. Em um dado momento, um dos participantes disse que tratou do tema com o vice-primeiro-ministro de Cuba, Ricardo Cabrisas Ruiz, e com Roberto Verrier, diretor da ProCuba, agência de promoção de exportações e investimentos.
“Autoridades do país externaram não possuir neste momento meios para o pagamento das suas obrigações. As autoridades teriam sinalizado esperar algum tipo de flexibilidade por parte do governo brasileiro —por exemplo, um haircut comparável ao recebido no tratamento da dívida do Clube de Paris em 2015 e, diante da escassez de dólares, uso de moedas alternativas ou recebíveis de commodities cubanas— para permitir a retomada dos pagamentos”, declara o registro.
O “haircut” mencionado no documento diz respeito a um desconto de US$ 2,6 bilhões em uma dívida de Cuba com o Clube de Paris em 2015, que soma US$ 11,1 bilhões, com juros inclusos.
Os atrasos no pagamento dos projetos patrocinados pelo Brasil em território cubano começaram em 2016, mas se intensificaram em 2018, quando os repasses deixaram de ser feitos desde o mês de junho.
Além da dívida exposta no documento, Cuba ainda precisará pagar US$ 520 milhões até 2038. Isso coloca o repasse total ao Brasil em US$ 1,1 bilhão.
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