Assunto sempre controverso, os concursos de beleza infantil são alvos de críticas de especialistas. “Criança não precisa se preocupar com os padrões de beleza, ou ao menos não deveria”, avalia o psiquiatra Ênio Roberto Andrade, que atende pacientes menores de idade no Hospital das Clínicas da FMUSP. “Ao se fazer um concurso, você começa a estabelecer padrões. Se a garotada não tiver recursos emocionais, pode desenvolver de ansiedade a depressão”.
Há, ainda, a questão do trabalho infantojuvenil artístico, alerta a procuradora Ana Maria Villa Real, titular da Coordenadoria Nacional de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente. “Casos como esses merecem a máxima atenção, pois as crianças e adolescentes possam estar sujeitos à erotização e à sexualização precoce, com desgastes emocionais e outros tipos de constrangimento.”
O empresário e comunicador, Silvio Santos, por exemplo, foi alvo de uma investigação do MP (Ministério Público) de São Paulo por um torneio de miss infantil apresentado em seu programa dominical, em 2019. O motivo foi uma fala dele que gerou uma série de discussões. A certa altura da atração, ele se dirigiu ao auditório: “Agora vocês vão votar em quem tem as pernas mais bonitas, o colo mais bonito, o rosto mais bonito e o conjunto mais bonito”.
No exterior, polêmicas não são novidade quando se trata desse tema. Um caso bastante coinhecido é o do reality norte-americano “Toddlers and Tiaras”, que desde 2019 mostra os bastidores de competições mirins da modalidade.
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