O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, nesta quinta-feira, 1, que vai indicar o advogado Cristiano Zanin para o Supremo do Tribunal Federal (STF). Com a chance de se tornar ministro da Corte, o profissional teve relação dupla com a Lava Jato: além de defender o petista, ele próprio se tornou alvo da operação.
Em setembro de 2020, a Lava Jato deflagrou a fase em que tornou réus pelo menos quatro advogados. Além de Zanin, a denúncia teve como alvo Roberto Teixeira (que também era responsável pela defesa de Lula), Ana Teresa Basílio (da equipe jurídica do ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel) e Eduardo Martins (filho do então presidente do Superior Tribunal de Justiça, Humberto Martins).
De acordo com a denuncia, feita pelo Ministério Público Federal, o grupo de advogados era suspeito de participar de esquema de tráfico de influência na divisão fluminense do Sistema S, envolvendo o Sesc, o Senac e a Fecomércio do Rio de Janeiro. Procuradores chegaram a falar em desvio de R$ 151 milhões.
Zanin e os outros advogados entraram na mira da Lava Jato a partir da delação do ex-presidente da Fecomércio do Rio de Janeiro, Orlando Diniz. De acordo com a Polícia Federal, ele afirmou que, na tentativa de seguir no comando da instituição comercial, contratou advogados, mas não para uma defesa jurídica comum. A ideia era atuar nos bastidores de tribunais e órgãos de fiscalização. A tentativa era contar com decisões favoráveis no Poder Judiciário.
Segundo os investigadores, os acertos entre Diniz e os advogados ocorriam “sob contratos de prestação de serviços advocatícios ideologicamente falsos”. Conforme a denúncia do MPF, dois advogados comandaram o esquema de 2012 a 2018: Teixeira e Zanin. Os dois, que chegaram a ser alvo de mandados de busca e apreensão, negaram as acusações.
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