O presidente Jair Bolsonaro (PL) ironizou a adoção do uso da linguagem neutra —que é a substituição de artigos masculino e feminino por “x”, “e” ou “@” em algumas palavras— na Argentina em uma série de publicações feitas na noite de hoje nas redes sociais.
Segundo informou o jornal “La Nación”, o Ministério de Obras Públicas, do governo do presidente Alberto Fernández, vai começar a usar oficialmente a linguagem e a comunicação não sexista e inclusiva “como formas expressivas válidas em produções, documentos, registros e atos administrativos em todas as áreas”. A decisão foi publicada no dia 28 de julho, na Resolução 244/2022 no Diário Oficial.
Em seu perfil, nas redes sociais, o presidente brasileiro criticou a decisão do governo do país vizinho.
“Lamento a oficialização do uso da ‘linguagem neutra’ pela Argentina. No que isso ajuda o seu povo? A única mudança provocada é que agora há ‘desabastecimente’, ‘pobreze’ e ‘desempregue’. Que Deus proteja os nossos irmãos argentinos e os ajude a sair dessa difícil situação”, escreveu o presidente Jair Bolsonaro.
“Boa sorte a quem acredita que essas são as pautas mais importantes para um povo. Meu compromisso é o de seguir reduzindo a violência, criando um ambiente propício à geração de empregos, acelerando o crescimento da nossa economia e defendendo os valores sagrados da nossa pátria”, acrescentou.
A decisão do governo peronista vai na contramão daquilo que foi decidido pela Prefeitura de Buenos Aires, capital do país, que, em junho, proibiu o uso das terminações de gênero neutro, como “e”, “x” ou “@”, nas comunicações institucionais e vetou que elas sejam ensinadas como parte do currículo escolar.
Na ocasião, a secretária de Educação local disse que essa linguagem “viola as regras do espanhol e atrapalha a compreensão de leitura dos alunos”. Já o ministro nacional da Educação na Argentina, que apoia o uso da linguagem neutra e cujo governo faz parte da oposição ao de Buenos Aires, criticou a norma adotada pela prefeitura.
A linguagem neutra, ou linguagem não binária, não é obrigação imposta por nenhum movimento da causa LGBTQI+, mas uma discussão que propõe uma modificação na língua para incluir pessoas trans não binárias, intersexo e as que não se identificam com os gêneros feminino e masculino.
A ideia é criar um gênero neutro para ser usado ao se referir a coletivos ou a alguém que não se encaixa no binarismo.
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