Uma quadrilha é suspeita de ter desviado milhões de reais dos cofres públicos do Estado de São Paulo em um esquema de multas de trânsito.
O grupo conseguia as senhas e invadia o sistema do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) para apagar o registro das infrações e, para fazer esse serviço, cobrava um valor dos donos dos veículos para zerar as dívidas.
A polícia acredita que o desvio é de cerca de R$ 180 milhões. Na quinta-feira 23, oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos, um deles em uma mansão em Salto, no interior de São Paulo, da despachante suspeita de liderar a quadrilha.
O Detran informou que em nenhum momento os pontos na carteira dos motoristas foram zerados e que está fazendo, com os investigadores, um levantamento para determinar o valor exato do que foi desviado pela quadrilha.
Como funcionava o esquema
A investigação revelou que uma despachante pagava mensalidade para ter uma senha master, dada apenas a servidores públicos que ocupam cargos importantes na instituição. A polícia informou que a despachante conseguia as senhas “por aliciamento de funcionário ou por meio de quebra de senhas”. Eles mandam um e-mail para o Detran, para um funcionário específico, e, se esse funcionário abrir o e-mail, ele vai ter a conta hackeada”, afirmou o delegado Fábio Daré.
A investigação começou há quatro meses, quando um funcionário do Detran foi procurado pela quadrilha. Uma mulher ofereceu dinheiro para que ele entregasse uma senha de acesso ao sistema de multas.
Antes do encontro, em uma lanchonete no centro de São Paulo, o servidor avisou o Detran e a polícia, que prendeu a mulher em flagrante, por corrupção.
Ao analisar o celular da suspeita, a polícia verificou que, em apenas um dia, 580 multas foram apagadas do sistema do Detran, que disse já ter identificado os 580 motoristas.
Ainda segundo as investigações, o motorista infrator que não queria pagar a multa procurava o despachante do esquema, que oferecia o serviço, chamado de “quebra de multa”. Para isso, era cobrada uma taxa de 20% do valor da infração, e parte do dinheiro era para a chefe da quadrilha.
Juan Sanchez, diretor de Fiscalização do Detran, afirmou que o departamento vai recolocar todas as multas que foram retiradas do prontuário do veículo de maneira fraudulenta.
“Eles terão grandes aborrecimentos, em primeiro lugar. Com esse bloqueio, o veículo automaticamente perde a condição de ser vendido, ele não pode ser licenciado e, portanto, não pode circular, e, na medida que não pode circular, se ele for flagrado numa fiscalização, será removido para um pátio”, disse.
Agora, a investigação da polícia quer saber se há pessoas do Detran envolvidas no golpe, que devem responder criminalmente.
Comentários