Caso dos respiradores desaparecidos do Hospital Abelardo Santos – O jornalista Olavo Dutra apontou em sua coluna – que tem por hábito denunciar e discorrer sobre casos que afligem o Pará – o descaso com um procedimento aberto, há quase um ano, pelo Corregedor-Geral do MP, para apurar o sumiço de dezenas de respiradores pulmonares (enviados pelo governo federal) que foram “guardados” no Hospital Abelardo Santos, em Icoaraci e que, por acaso, não foram incluídos no pacote do esquema de corrupção ocorrido no estado, (avaliado em mais de meio bilhão de reais), em plena pandemia. Os suportes seguem desaparecidos e nenhuma explicação foi dada pela Secretaria de Saúde do Pará ou pelo governador Helder Barbalho.
Confira o texto da coluna na íntegra:
“Segue aparentemente inconcluso o procedimento aberto há quase dez meses por determinação do Corregedor-Geral do Ministério Público do Pará, Manoel Santino do Nascimento Júnior, para investigar a construção de um infame “escondidinho” em uma área adjacente ao auditório do Hospital Regional Abelardo Santos, no Distrito de Icoaraci, onde algumas dezenas de respiradores pulmonares encaminhados pelo Ministério da Saúde foram “guardados”, sob orientação da OS Santa Casa Pacaembu, e tomaram rumo incerto e não sabido, até hoje. A conta dos desvios de recursos públicos da saúde no Estado em plena pandemia, avaliada em mais de R$ 500 milhões, através de organizações sociais como a Pacaembu e organizações criminosas como a famosa “Máfia das OS”, não inclui o desaparecimento desses respiradores e outros equipamentos, razão pela qual órgãos de fiscalização federal colocam o Pará como campeão de desvio.
Os contratos celebrados entre o governo do Pará e organizações sociais investigadas ultrapassam a cifra de R$ 1,2 bilhão. Entre 2019 e maio de 2021, segundo a Controladoria-Geral da União, foram empenhados mais de R$ 650 milhões a quatro OS contratadas pelo governo do Estado. As investigações da Polícia Federal, porém, aparentemente, não deram importância para um fato que os servidores do Hospital Abelardo Santos “viram com os próprios olhos” em março de 2020: o desmonte da UTI adulto do hospital para a montagem de outra unidade semelhante enviada pelo Ministério da Saúde no esforço de combate à pandemia. Aconteceu que essa nova UTI foi inexplicavelmente desmontada logo em seguida e sumiu, embora parte dos equipamentos, conforme supõem funcionários, tenha sido mandada com os respiradores pulmonares para o “escondidinho”.
A movimentação de bens em documento e Termo de Responsabilidade n. 06/2020, assinado pelo coordenador de engenharia da empresa Englifemed (CNPJ 14.900.084/001-24), responsável pelos bens do Hospital Abelardo Santos, Tiago Gomes Ramos (RG 0259079820039), atesta o recebimento dos bens recebidos pelo hospital e dá conta da sua movimentação a partir de janeiro de 2021. Quando foi substituída na gestão do hospital pelo Instituto de Saúde Social e Ambiental da Amazônia, a OS Santa Casa Pacaembu já havia construído o “escondidinho” e lá guardado equipamentos enviados pelo governo federal. Parte desses equipamentos chegou a ser transferida, supostamente para o Hospital Regional de Castanhal, mas funcionários do Abelardo acreditam que tenham sido vendidos.
“Escondidinho” caiu no esquecimento
Os fatos que se seguiram à descoberta do “escondidinho”, incluindo a operação da PF que prendeu alguns figurões da organização criminosa que tinha como operador no Pará Nicolas Tsontakis foram suficientes para mandar para escanteio falcatruas consideradas menores na gestão do Abelardo Santos, onde nada mais evoluiu, a não ser os problemas de gestão observados até hoje, apesar da seguida troca de OS: a Secretaria de Saúde parou no tempo e o Ministério Público parece não ter avançado nas investigações, deixando a transparência e a expectativa da opinião pública nos “escondidinhos da administração”
Superintendente do MS se diz ameaçada
É no mínimo estranho o comportamento da superintendência do Ministério da Saúde no Pará com relação ao Hospital Abelardo Santos. Ano passado, questionada sobre as irregularidades registradas e denunciadas por servidores da casa de saúde, a superintendente informou que até então não havia recebido informações nesse sentido, mas admitiu ter sido “ameaçada” – daí que foi se abrigar em um dos andares do Banco Central, onde tem segurança garantida. Então o MS repassa recursos e equipamentos a um hospital público e sequer fiscaliza? Quem e por que alguém ameaçaria a superintendente? Essas e outras explicações devem sair dos órgãos federais de segurança.”
Crédito: Coluna Olavo Dutra
Comentários