Já está nas mãos do governo americano o pedido de extradição do jornalista Allan dos Santos para o cumprimento da prisão decretada pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, em 5 de outubro deste ano. De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, o pedido de extradição chegou aos Estados Unidos na semana passada, sem a ciência do planalto e, somente agora, foi divulgado.
Segundo a apuração do jornal, a tramitação do pedido de extradição ocorreu de forma sigilosa entre o STF e o orgão que cuida de extradições, o DRCI (Departamento de recuperação de ativos e cooperação internacional).
A matéria revela que o despacho havia sido assinado pelo ministro no dia 5 de outubro e fora encaminhado, imediatamente ao DRCI. No dia 19 de outubro, o despacho seguiu para o Itamaraty, sob sigilo.
Apenas 2 dias depois, em 21 de outubro, quando essa tramitação inical já havia sido feita, a decisão de Moraes foi divulgada.
Essa tramitação “secreta” e rápida do pedido de extradição do jornalista (apoiador do presidente Bolsonaro) causou desconforto no Palácio do planalto, que sofre cobranças por parte da sociedade que tem repudiado as decisões de Alexandre de Moraes, tida por muitos juristas como inconstitucionais e autoritárias.
O desconforto ocasionou a demissão da chefe do DRCI, a delegada Silvia Amélia. Para algumas pessoas do governo, Silvia teria feito toda a tramitação de forma sigilosa de maneira combinada com Alexandre de Moraes para evitar que o presidente tivesse ciência e pudesse retardar ou mesmo impedir o envio do documento aos Estados unidos.
Agora, cabe ao governo americano analisar e tomar uma decisão sobre o pedido.
O jornalista Allan do Santos revelou em entrevista ao Boa Tarde Brasil, na Rádio Guaíba, que já está trabalhando com seus advogados para ingressar com um pedido de asilo político nos Estados Unidos. Ele alegou se sentir ameaçado pela Suprema Corte brasileira.
“Eles falam que eu ameaço membros da Suprema Corte, o que a juíza da 14° Vara do Tribunal de Brasília achou um absurdo. Vale a pena ler a decisão da juíza sobre a denúncia dos dois procuradores que me denunciaram manipulando trechos de um vídeo meu. Ela disse que, pelo contrário, parece mais que o ministro (no caso, Luís Roberto Barroso) estaria intimidando jornalistas. Está na decisão da juíza. Ela também fala que eu não tenho meios para ameaçar membros da Suprema Corte, já que eles têm segurança, policiais, eu estou nos Estados Unidos e eles aí (no Brasil)… eu, agora que estou sendo ameaçado, não estou me sentindo, mas sendo ameaçado por um membro da suprema corte”, desabafou.
Foto: Senado
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